Capítulo IV: O AMOR NO MATRIMÔNIO
O
nosso Amor Cotidiano
Alegria
e beleza
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A preocupação de SS neste parágrafo é
mostrar que o matrimônio, quaisquer que sejam as circunstâncias da vida
conjugal, deve ser sempre alicerçado na alegria do amor, no sentido profundo de
São Tomás, que usa a palavra alegria para se referir à dilatação da amplitude
do coração. Em contraposição, quando a busca pelo prazer é exclusiva,
obsessiva, impede a capacidade de desfrutar de outras realidades variadas, como
é o caso da fase da vida em que o prazer se apaga. A alegria matrimonial deve
trilhar o caminho da amizade, onde os esposos prestam reciprocamente ajuda e
serviço na superação dos contrastes da vida, como por exemplo tensões e
repouso, sofrimentos e libertações, aborrecimentos e prazeres.
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O parágrafo abrange vários conceitos,
cujas expressões convêm serem relembradas. Caridade é o amor de amizade,
quando capta e aprecia o valor sublime do outro. E o que é esse valor
sublime? É aquele valor que permite saborear o caráter sagrado da pessoa, não
coincidindo com os atrativos físicos e psicológicos nem com imperiosa
necessidade de possuí-la. Com outras palavras, dir-se-ia que esse valor sublime
implica no gosto de contemplar e apreciar o que é belo e sagrado do seu ser
pessoal, além das minhas necessidades, quando sei que a pessoa não pode ser
minha ou quando se tornou fisicamente desagradável ou agressiva.
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O parágrafo versa basicamente sobre o
que pode ocorrer no relacionamento entre os cônjuges e, por extensão, entre os
membros da família. Todos têm sua importância, seu valor, que devem ser sempre
considerados para evitar desabafos do tipo: O meu marido não me olha; para
ele, parece que sou invisível. Olhe-me, por favor! E, em contraposição,
pode ocorrer a situação inversa: A minha mulher já não me olha, agora só tem
atenção para os filhos. Por vezes, quantos esforços são feitos pelos
cônjuges ou pelos filhos para serem valorizados? E o que está faltando? Um
olhar contemplativo, capaz de ver o valor intrínseco do ser humano,
independentemente se estiver doente, velho ou sem atrativos sensíveis.
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Este amor contemplativo em análise tem
várias faces, que poderiam ser compreendidas pela alegria recíproca causada por
um ato generoso e desinteressado de dar. Aliás, este pensamento não é atual: Dá
e recebe, e alegra a ti mesmo (Eclo 14,16): É doce e consoladora a
alegria de fazer as delícias para os outros, vê-los usufruir delas. Este
júbilo, efeito do amor fraterno, não é o da vaidade de quem olha para si mesmo,
mas o do amante que se compraz no bem do ser amado, que transborda para o outro
e se torna fecundo nele. Embora prosaico, não deixa de ser um exemplo
significativo pelo seu conteúdo humano, o da cozinheira cuja delícia é apreciar
a satisfação de quem saboreia o seu tempero.
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O sofrimento também pode provocar
alegria. Contraditório? Nem sempre. Santo Agostinho, nas suas Confissões, diz
que quanto mais grave for o perigo, tanto maior é o gozo no triunfo. SS
aproveita o aforisma do grande pensador para aplica-lo na vida conjugal. É o
que acontece com os casais quando, já adiantados nos anos, olham para dias
passados: Poucas alegrias humanas são tão profundas e festivas como quando
duas pessoas que se amam conquistaram, conjuntamente, algo que lhes custou um
grande esforço compartilhado.
Agradecendo a Nossa Senhora sua
proteção, sempre lembrando que “... sem mim nada podeis”. (Jo 15,5)
Idalina e Fernando
Equipe de Nossa Senhora do Monte Serrat
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